She

Ela sentou-se diante da mesa de sempre, tão rotineiro e habitual se dessa vez não fosse diferente. Apenas sentou e encarava um ponto qualquer, como se este pudesse encarar de volta, buscando alguma compreensão naquele olhar meio perdido.

Ela queria uma saída que não abrisse mais nenhuma ferida, que não irrompesse nenhuma cicatriz. Ela estava com seus cacos de vidro e não sabia se podia moldar-se de outra forma, ou juntar e continuar com os mesmos trincos. Ela não sabia reinventar uma nova garota, não queria se abdicar de sua personalidade, nem do seu egoísmo por mais altruísta que seja, não queria deixar ir embora o pouco de coisas boas que carregava. Eram boas, até certo ponto - o ponto que a transformava em correntes muito limitadoras. Era o preço a se pagar, e ela relutou pra aceitar.

Ela achava melhor estar sozinha. Ela morria cada vez que ficava sozinha. Ela, na verdade, não queria estar sozinha. Mas essa era a aura que ela era obrigada a transmitir - preciso ficar sozinha. Sozinha, ela aprenderia a conviver com seus próprios gritos e com a própria solidão, a que logo chegaria, ela querendo ou não. Ela era otimista, ela era esperançosa. Ela era, ela não mais seria, porque isso doeria. Ela foi designada a se acostumar com algo, e teria de fazê-lo sem olhar pra trás, seria fria por um dia ter sido quente demais e não querer inflamar todos a sua volta, com seu fogo tão acolhedor como devastador se não for controlado.

Ela virou as costas e preferiu engolir os erros, afim de digerir cada um procurando descobrir que seus sonhos demorariam muito mais a se tornar realidade e ela já não se contentava mais com pouco. Mas isso era quase um auto flagelo, então, ficar quieta sempre pareceu um bom escape da situação. Ela amava, e por amar achou melhor assim. Mas o que sabia ela? Ela, que sempre achou graça em andar descalça por caminhos incertos, ela encontrou o medo no meio da trilha e agora já não seguia da mesma forma. Regrediu, regressou, deu ré nas conquistas. Ela só observou seu esforço voar pra longe, mesmo sabendo que isso estaria aguardando ela em algum lugar do futuro, caso ela atravessasse tudo isso.

Ela cansou, ela assustou, ela se deu conta que esteve na rota certa fazendo as coisas erradas - ela se entregou demais, se deu demais, se doou demais e não lembra mais como é viver por si mesma, se é que algum dia ela teve essa vontade. Pequenas alegrias que não exigiam sua participação a abalavam, e ela não podia jogar a culpa em alguém, porque a culpa era intimamente só dela. Ela não queria estar errada, mas estava, ela se odiava, ela guardava todo o rancor por ela pra ela. Ela se destruia, e era uma fase de auto-destruição que poderia culminar em algo bom afinal. Ela aprenderia algo com isso.

Ela quer ficar sozinha. Ela não pode ficar sozinha.

She has the silence deep in her breasts embraced
She wears a perfume of a truly vicious taste.
She has the wisdom in her empathic eyes.
She knows the truth to all unspoken lies.

She says she'd seel her angel for a dream
She says that she is not who she might seem
She says that she has lost her self-esteem
She says that she will not give up her dream

She offers traitors her lap to feel like home.
She masteres violence as if she fears no one.
She makes your anger turn into quiet tears.
She makes you laugh about intimate fears.

She hears the voices that tell me what to do.
She look into our eyes, but only smiles at you.
She knows the warmth she feels is not for long.
She stopped to speak that's why I end this song.

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